A literatura e as artes na era da cientifização - Uma nova proposta para um novo humanismo.

“A ciência é grosseira e a vida é sutil. É para corrigir esta distância que a literatura existe”. (Roland Barthes)

- Onde começou essa formalização das artes?

- Onde começou a inclusão das artes em escolas que seguem os mesmos modelos de escolas científicas?

- Onde começou a segregação e isolamentos dos artistas independentes e autodidatas?

Essas questões devem ser respondidas sob um aspeto novo, sob um novo paradigma, livre da doxa universitária. Isso por que, no meio universitário existem os dois polos distintos, os das ciências exatas e os das ciências humanas, onde a literatura acadêmico-universitária, (integrada na cadeira de letras), faz parte do segundo polo. Mas, a literatura-arte, que difere desta, essa arte literária ou literatura artística, deveria ter para si uma nova nominação e novos apoios institucionais, sem os quesitos exigidos nas universidades e academias oficiais. Sem as formalizações e suas taxonomias, sem seus créditos e suas estatísticas. Uma literatura livre e independente, não associativa ao dever de se justificar para ser reconhecida. Independente do dever de demonstrar a prova dos fatos. A necessidade de colocar etiquetas e regras não condiz com a criação literária. Assim como existe uma diferença entre a história das artes, ensinada nas universidades e escolas, e a arte como prática de um ofício, deveria também existir uma literatura artística diferenciada de literatura integrada às letras com suas exigências curriculares e formações. Deveria existir uma literatura-artística onde o que impera, além do ato de escrever, são as biografias de seus autores ao invés do curriculum vitae, que não passa de uma lista cronológica de realizações e títulos. Os CV e suas formas infalíveis servem para que um indivíduo possa entrar numa instituição de prestígio, ou para obter créditos para as pesquisas. Isso não interessa a um campo artístico onde a vida e as situações sociais são o centro dos questionamentos. A literatura são teses humanas com odores e sabores. As biografias, banidas do cenário acadêmico, deveriam ser recuperadas para o meio artístico. Encontros em bares entre escritores e pintores, amores, desamores e viagens, voltariam aos relatos como informações sobre os escritores e os artistas. Os relatos de vidas dos artistas, englobando os espaços, salões, ruas e jardins, que tanto podem contribuir para uma futura historiografia de uma cidade ou de um país, seriam o corolário de suas artes, a sombra que seguem os seus passos. A prima vista, esta proposta pode parecer grandiloquente, pois as biografias foram banidas do cenário curricular, sendo supérfluo relatar tudo o que não se pode provar nem justificar, pois as ciências vivem de provas. Mas, as artes, não. As artes vivem da inventividade e do inesperado, dos deslocamentos, das emoções e tudo mais que é surpreendente. Nada é uniforme tendendo para um mesmo fim. São os estilos diferentes e as formas individuais que constroem o “vir a ser” de escritores e artistas. Ao contrário do curriculum vitae, onde a assepsia, a prova e as exatidões são as regras de informação, as biografias falam de vidas, de encontros, de situações, de épocas e de seres humanos.

Point de chute, une observation sur la manière d’aborder l’art en opposition aux idéologies qui tentent de la cerner.

Le regard que les intellectuels engagés avaient sur la musique, au temps du communisme et de l’union soviétique, parait de nos jours d’un archaïsme notoire.

Leurs jugements sur l’esthétique musicale, tels un Adorno par exemple, qui incriminaient le gout bourgeois, et essayent d’édifier des méthodes pour établir une esthétique en abolissant le choix individuel au profit du contrôle sur les masses, étaient de caractère fasciste, même si ces intellectuels le combattaient.

La cinquième symphonie de Chostakovitch, la symphonie de la rétractation, et l’analyse d’Adorno sur les ouvres de Benjamin Britten sont deux exemples typiques qu’illustrent, d’un côté, le mentor idéologique occidental allemand, Adorno et d’autre côté le compositeur russe qui pour survivre au régime stalinien a dû composer cette symphonie comme l’exigeait le « parti ».

Pour quoi Point de chute ? Parce que l’art est en soi-même une démarche exo-idéologique de masse et s’accorde uniquement au bien vouloir de l’artiste. Autrement dit, l’art officiel est une tricherie, une prostitution dont le client (Les états ou Entreprises) impose un critère, un chemin à suivre, soit-il en se maintenant dans les normes de la tradition ou l’imposant (tacitement) une position « d’avant-garde ».  

Au dire de Luciano Berio « ... Pour cette raison, chaque œuvre significative peut être considéré comme expression d’un doute, un pas expérimental dans un processus poétique, une reconnaissance d’un besoin continuelle de modifier, de réinterpréter, de vérifier, de renoncer pour toujours à la confortable utopie d’un super-code qui garantirait une communication absolument sans faute. » [Méditation sur un cheval de douze tons, in Revue contrechamps n1]